sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

FRAGMENTOS

FRAGMENTOS

Como podes me ver indiferente?
Sou radical nas atitudes
Certo?
Não trabalho com fragmentos
Não me contento com pouco
Quero você toda amiga
E toda mulher
Não tem confusão
Ambas misturam-se
Ambas dissipam-se
Sem fragmentos
Juntas
Nunca e sempre andarão
A mulher sempre será a amiga
A amiga não precisa ser mulher (embora eu queira)

Quando abro meu livro de matemática
Olho meus problemas
Sempre fujo da divisão
Fragmentação
Multiplico-me
Somo
Acho melhor subtrair
Nunca dividir
Na indecisão
Sempre marco a letra (A
Se não for a primeira opção
Com certeza
Nenhuma das respostas acima
Pode rolar um clima
Pode rolar a dissimulação
Destilando intenções terceiras (plagio)
Sempre com alguma intenção
Uso todas as operações
Divisão não

Quem divide
Contenta-se em não ter
Prefiro não ter a dividir
Subtraio
Abstraio
Mesmo que hipocritamente
Falsamente
Deixo o problema na coxia
Visto um personagem
Não divido
Ou melhor, separo
A amiga da mulher
Multiplico-me
Amigo
Homem
Somo
Subtraio
Abstraio
Não me divido
Não divido com ninguém

Dou um prato inteiro
Não existe meia fome
Meio homem
Meio nome
Quem se contenta com metade
Necessita muito
Não necessito
Quero
Mas não necessito
Necessito da amiga
A mulher eu quero
Inteira
Não dividida
Não mais me divido
Não a quero dividida
Pensamentos divididos
Pra ter dividida
Não quero

A não divisão pode ser um conceito medieval
Um paradoxo na evolução do homem
Um contraponto com o que se prega nos dias de hoje
“Divida com seu próximo”
Mas, sou moderno de armadura
Um Dom Quixote contemporâneo
Um São Jorge de vanguarda
Só por isso não divido
Mato e salvo meu dragão
Um dragão só meu
Conservo ou subtraio
Não divido
Na antítese da modernidade
Pra ser atual
Não precisa ser estigmatizado
Mas nos determinam
Ficar, pegar, estar enamorado
Não ligo para as convenções
Só não divido

Nunca valorizei um segundo lugar
Nunca me contentei em ser uma alternativa
Nunca serei o primeiro ultimo
Perco
Ou sou primeiro
Mesmo porque não concebo meia culpa
Meio gostar
Amar e meio
Quando algo cai no chão
Ou fica em pedaços
Ou se salva ileso
Quem tem na mão
Um “caco”
Nunca terá o vidro inteiro

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