sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Segredo Montanhês

Segredo Montanhês
Montanhas são fortalezas de segurança
Por onde destilam fontes puras
Guardando segredos obscuros
Montanhas, diante de sua imponência
Vão perdendo seu gigantismo com o tempo
Efeitos causados pelo, aparentemente, inofensivo vento
Efeitos causados pela pequena chuva
Chuva que abastece as minas
As montanhas escondem as minas
De água, de qualquer metal precioso
As montanhas, enquanto mistério
Guardam pra si seus encantos
Encantos que, quando descobertos, podem acelerar a erosão da montanha
Encantos, até então, sinônimos de fascinação
Encantos que levam à destruição
Com a ajuda da natureza
Uma autodefesa
O gigante seguro esconde-se ao máximo
Mesmo sempre estando exposto
Sempre sendo visto
Sem ser desvendado
Imponente, mascarado
Camuflado dentro do seu ser
A indumentária protege
É a segurança
Alguém adentra seu interior
Motivo de temor, louvor?
Um intruso que vê a superficialidade
Invade a interioridade
Sem ter noção da responsabilidade de tão ambiciosa exploração
Um bandeirante aventureiro
Um louco devaneio
Segredos de séculos de existência
As avalanches são a chave de proteção
Neve ou pedra
São instrumentos para a inquisição
Sentimentos de difícil interjeição
Falsa expressão
Alicerce racional
A insegurança faz tanger
Faz nascer o eremita egoísta
Detentor dos segredos da montanha
Que esconde-se no pico do gigante
Em busca de proteção
Protegendo a si
O eremita é sempre mal visto
Mal compreendido
Apenas não entendido
É a segurança da montanha
Protege-se na montanha
Não teme avalanches, não teme deslizes
Conhece suas armadilhas
Seus atalhos
Não pisa em falso
Não teme pisar em falso
Conhece o interior, guarda pra si
Perde a visão do superficial
Pra olhar de dentro
Sempre descobrindo novos segredos
O eremita é a segurança que o bandeirante não passa
Mas o bandeirante cansa de aventura
Deslumbra-se quando reconhece a riqueza interior
Torna-se um eremita
Esquisito, malvisto, incompreendido
Mas sempre bem protegido
Livre de deslizes e avalanches
Conhecendo e reconhecendo os caminhos da segurança
Às vezes leva tempo
As trilhas são longas
Tortuosas, têm espinhos
Mas o sabor da conquista vale a pena
Descobre-se que o vale não é inane
No cesto tem serpentes
Serpentes que gostam de música
Que defendem a fonte
Escondem-se na mina
Protegem, são protegidas
São detentoras da segurança
Causam insegurança
São o segredo montês
O eremita doma-as sem flauta
Doma as serpentes
Doma os segredos
Doma a montanha
A montanha doma-o
Ambos sem medo
Sem insegurança
Uma montanha com séculos de criança

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