sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

VAZIO

VAZIO

Já deparaste com o nada
O que tu podes conceituar de vazio
Oh, sim! Tu és a menina feia
Altista
Trancada num hospício
Prisioneira de si
Cerca-se de loucos famintos
Querendo devorar a ti
És prisioneira não de si
E sim do medo algoz

Conheces o nada
Já tiveras nada
Sabe o que é não ter
Tu tens demais e tens medo de ter ainda mais
O ter faz a ti sofrer
Sofrem por nunca poderem ter
Quem tem
Sofre por perder
Sofres por quererdes criar um vazio constante

Tu viras a essência do nada
Sabe que o nada tem essência
Se não sabe
Procura o verdadeiro vazio
E verás que do vazio não sabe nada
Tu procuras o que não sabe
Reclama
Clama
De ter
O que não tens
A ti não pertence
Quando tu vires o vazio
Realmente
Quando o vazio tocar-te no cerne
Não reclamarás do vazio
Enfrentará o vazio

Nasceste no vazio?
Mentira!
Crianças são jogadas ao vazio
Condenadas ao vazio
Conhecem o amor como nada
Não tem nada de amor
Não amam e ainda são imputadas a viver na dor
Sem amor
Reclamamos do vazio porque somos mesquinhos
O vácuo tem que ser preenchido
Não me preencho enchendo o saco dos outros
Acho um saco amar os outros
Quero o amor a mim restrito
Quero ser egoísta
Deixar de ser vazio
Pra sentir pena de quem realmente é um ponto vazio no mundo

Conheces o vazio
Mostra-me então
Prova a mim que algo realmente lhe falta
Ou será que tu escolhes o que deve faltar
Na verdade a ti não falta nada
Procuras apenas uma ilusão
Inventas um jeito de reclamar
Mas se tu provares a mim que tens um lugar vazio
Provarei que tens o vazio por causa apenas de ti
Uma fantasia criada
Fez de ti uma hipocondríaca do amor.

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